O ponto mais alto do Brasil, o Pico da Neblina, deve reabrir aos montanhistas em 2018. A previsão é do povo Yanomami, que está desenvolvendo no local um projeto de ecoturismo orientado. A ideia é reabrir as trilhas para escaladas com guias e muitas histórias dos primeiros habitantes dessa região, localizada ao norte do estado do Amazonas, e que há 60 anos abrigou uma casa coletiva onde aconteciam festas e rituais. Recentemente um grupo Yanomami e parceiros da ONG Instituto Socioambiental – ISA, ICMbio, Funai, Ministério Público Federal e Exército fizeram uma expedição de dez dias até o alto da montanha.
Os indígenas se preparam para assumir o monitoramento da trilha e trabalhar como guias, carregadores, cozinheiros e gestores do projeto Yaripo – o nome Yanomami para o Pico da Neblina e que numa tradução livre significa montanha do vento e da tempestade. De acordo com a última revisão do IBGE, feita em fevereiro, a elevação em Santa Isabel do Rio Negro (AM), próximo da fronteira com a Venezuela, tem 2.995,30 metros em relação ao nível médio do mar. A trilha até o pico tem 36 quilômetros e começa na localidade do Igarapé Tucano, Terra Indígena Yanomami, no município de São Gabriel da Cachoeira (AM). Com a retomada do ecoturismo na montanha, pelo menos 80 Yanomami passarão a ter renda regular – uma alternativa ao garimpo de ouro ainda praticado nos arredores.
O Pico da Neblina está fechado à visitação desde 2003 por recomendação do Ministério Público Federal e determinação do Ibama. Conforme as informações levantadas pelo Instituto Socioambiental – ISA, a medida ajudou a frear a degradação ambiental e a violação dos direitos dos Yanomami.
Confira o relato completo do coordenador-adjunto do Programa Rio Negro, do ISA, Marcos Wesley, que participou da expedição neste link.
E no vídeo abaixo um pouco do que foi essa expedição inédita, as condições da trilha e os lugares que fazem parte da história e cultura do povo Yanomami.