Foi publicada hoje pela revista científica Nature uma nova descoberta no sistema solar. Anéis em torno de um planeta anão numa região extremamente distante, remota no espaço. O artigo é resultado de cooperação entre pesquisadores franceses, espanhóis e brasileiros, incluindo o professor Felipe Braga Ribas, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, em Curitiba.
O trabalho consistiu em identificar, medir e determinar as características do planeta anão Haumea. Foi quase como trabalhar com uma moeda de R$ 1 a 200 quilômetros de distância. Em janeiro desse ano, no mesmo horário, astrônomos olharam para o céu, para Haumea, distante de nós aproximadamente 50x a distância da Terra até o Sol.
Linhas traçadas no mapa determinaram a órbita de Haumea e mais de 100 observadores profissionais e amadores foram mobilizados. 12 telescópios de grande alcance em 10 observatórios europeus identificaram um anel em torno do planeta anão – semelhante aos anéis de Saturno, os mais famosos. A descoberta derrubou estudos de que anéis só seriam encontrados na região de planetas gigantes.
“Haumea já era um objeto muito interessante por causa de ter satélite, também uma mancha avermelhada na sua superfície e uma forma bastante alongada, e agora tem essa outra propriedade que é a presença de anel.” O pesquisador Felipe Braga Ribas ressalta que agora o desafio é compreender como esse anel se formou, de onde vieram os materiais, a composição e até há quanto tempo esse anel está em volta do pequeno planeta. “É uma descoberta que abre muitas outras questões.”
Os astrônomos já conseguiram determinar com maior precisão as características de Haumea. Descoberto em dezembro de 2004, ele demora 284 anos para girar em torno do Sol. E 3,9 horas para dar uma volta completa em torno dele mesmo. É muito rápido! Tanta velocidade é o que acaba resultando na forma similar a uma bola de rugby. Haumea mede 2.320 quilômetros no seu maior lado, é formado por gelo e rocha e não tem atmosfera ao seu redor.
O professor Felipe destaca ainda que as descobertas não interferem na vida na Terra – mas a pesquisa de alto rendimento é que permite o avanço tecnológico por aqui. “A gente quer e tem capacidade de fazer pesquisa de ponta também aqui no Brasil. Mas ainda falta apoio financeiro para a maior parte dos estudos.”