A tecnologia existe. O interesse também. Mas o mercado de carros com motores elétricos e híbridos ainda é uma aposta. Que vem se consolidando, especialmente na Europa. O segmento cresce ano a ano, e no Brasil não é diferente. Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), indicam que em 2018 foram 3.970 emplacamentos de veículos elétricos. O aumento na comparação com o ano anterior chegou a 20% quando 3.296 novas unidades foram emplacadas. Só a Renault tem 200 carros eletrificados em circulação no país. São unidades vendidas ao consumidor final, automóveis usados para demonstrações e parcerias com outras empresas. Todos importados da Europa.
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O Zoe é o carro elétrico mais vendido e na versão atual chega a percorrer até 300 quilômetros com uma única carga de bateria. O carregamento em corrente trifásica de 22 kW, demora 1h40 para atingir 80% da carga total. A bateria Z.E. 40 tem mais capacidade de armazenamento e maior densidade energética, sem aumento no tamanho. A frenagem regenerativa e a bomba de calor maximizam a autonomia do carro sem interferir na dinâmica ou provocar solavancos. O preço sugerido pela montadora é R$ 149.990. Lançado em 2012, o Zoe foi o primeiro veículo elétrico de produção em série com mais de 210 km de autonomia. Durante o período de concepção, foram registradas mais de sessenta patentes com inovações em termos de autonomia, interatividade e bem-estar interno. Atualmente o Zoe é produzido na fábrica Renault de Flins, na região de Paris.
A indústria automotiva se mobiliza para tornar a oferta e as linhas de produção capazes de montar modelos mais alinhados com a preservação ambiental e aos novos comportamentos dos consumidores. A Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi está entre os conglomerados automotivos globais que mais investem na eletrificação de veículos. Por trás do esforço estão conceitos como simplicidade de utilização, autonomia e conectividade. Novas tecnologias e produtos concentram as pesquisas. A autonomia do veículo elétrico pode variar de acordo com diversos fatores incluindo temperatura ambiente, terreno e forma de condução.
Com a liderança da Renault na Europa, a Nissan se destaca na Ásia. Entre 2015 e 2017, o Nissan Leaf foi o elétrico mais vendido, com 17,4 mil unidades comercializadas no mundo todo. De acordo com o plano estratégico da companhia, até oito novos veículos elétricos serão lançados nos próximos três anos. No Brasil, as primeiras unidades do Nissan Leaf devem chegar em junho deste ano. O hatch custa R$ 178.400 e está sendo comercializado desde novembro. Com autonomia para rodar 170 quilômetros, o carro tem apenas um pedal, o que segundo o fabricante confere mais simplicidade ao dirigir. No começo do ano a Nissan anunciou a versão E+ do veículo, com o dobro de autonomia e motor mais potente, mas não há previsão de vendas no país.
Os fabricantes apostam que até 2025, 15% do mercado automotivo brasileiro será ocupado pelos híbridos e elétricos. Num período de cinco anos, a Honda promete oferecer três modelos híbridos ao consumidor brasileiro, todos importados. É provável que o primeiro a chegar seja o CR-V híbrido, que utiliza um motor a combustão e dois elétricos, com três modos automáticos de dirigir para obter eficiência máxima. O modelo já está sendo comercializado na Europa e na China.
Entre os veículos com baixa ou nenhuma emissão de CO2, a Ford mantém lugar cativo. No ano passado a montadora apresentou uma nova versão para o híbrido da marca. O Fusion Energi tem plug-in para carregar na tomada, mas está disponível apenas para testes. A bateria de íons de lítio, de 9,0 kW/h, aumenta em cerca de 20% a autonomia no modo elétrico em relação ao modelo anterior. Esse novo modelo ainda não tem previsão de vendas por aqui. O Fusion Hybrid continua sendo o único elétrico da Ford no Brasil. Com preço sugerido de R$ 182.990, o carro não tem a possibilidade de recarga na rede elétrica.
Inovação e pioneirismo é o que promete a Toyota. A marca trabalha no desenvolvimento do primeiro veículo híbrido flex do mundo, que será produzido no Brasil. O veículo terá um motor elétrico e outro a combustão, que poderá ser abastecido com etanol ou gasolina. Equipes de engenharia da Toyota Motor Corporation e da Toyota do Brasil trabalharam juntas no desenvolvimento da tecnologia híbrida flex. Mas o modelo que será equipado com essa tecnologia ainda não foi confirmado. O mais provável é que seja o sedã médio Corolla, que tem datas de lançamento de novas versões previstas para o final do ano. Em março de 2018, a montadora japonesa usou uma unidade do Prius para apresentar a tecnologia híbrida flex. O veículo continua em testes. A nova plataforma global Toyota, batizada de TNGA, permite a produção de modelos convencionais e híbridos na mesma linha de montagem.
Com produção em 28 países e regiões e vendas em mais de 160 países, a Toyota Motor Corporation (TMC), é detentora das marcas Toyota, Lexus, Daihatsu e Hino. Todas comercializam modelos híbridos.Desde o início das vendas de veículos deste tipo, em 1997, a Toyota estima uma economia de 25 milhões de quilolitros de gasolina; e redução de 67 milhões de toneladas na emissão de CO2.
Os modelos híbridos estão no portfólio e no horizonte das montadoras. A Audi anunciou no segundo semestre do ano passado que vai lançar dois SUVs e mais 10 carros elétricos até 2025, mas sem expectativa de comercialização no Brasil. Em sete anos a montadora quer que um terço de suas vendas sejam de carros movidos a eletricidade. O Audi E-Tron puxou a fila. Bem mais audaciosa é a Volvo. A partir de 2020, todos os novos modelos da marca serão fabricados só com motores elétricos e híbridos.
Já a Volkswagen prepara uma ofensiva com o lançamento de seis modelos híbridos e elétrico nos próximos cinco anos. No primeiro momento, todos serão importados. O Golf GTE híbrido plug-in deve chegar ao país ainda neste ano, combinando motores elétrico e a gasolina.
Outro lançamento esperado é o Bolt EV, o carro 100% elétrico da Chevrolet, fabricado nos Estados Unidos pela General Motors. Com baterias de 60 kWh, tem autonomia para 383 quilômetros e freios regenerativos. O carro vem com uma alavanca no volante que permite desacelerar sem usar o pedal de freio, o que ajuda a converter energia em mais eletricidade e depois transferi-la de volta para a bateria. Além da emissão zero de CO2, o Bolt EV tem soluções inteligentes. Se o motorista sai involuntariamente da faixa sem usar as setas, um assistente emite alertas e movimenta levemente o volante para ajudá-lo a voltar. Já o alerta de colisão frontal e frenagem automática para pedestres aciona os freios sozinho, reduzindo a gravidade da batida ou até a evitando. O carro tem preço estimado em R$ 175 mil. Nos próximos cinco anos a montadora deve lançar globalmente 20 modelos de carros elétricos.
E a imaginação não tem limites nesse mundo de inovações. A Kia Motors, montadora coreana, revelou no Salão Internacional do Automóvel de Genebra, agora em março, o primeiro modelo da marca, elétrico inteiramente desde o conceito. Segundo o material de divulgação, o Imagine by Kia foi imaginado para atender às preocupações do consumidor em relação a alcance, desempenho, redes de recarga e dinamismo de condução, e também para impressionar quem olha para ele ou o dirige. Bem antes dele, a montadora deve disponibilizar aos consumidor brasileiro dois híbridos, o SUV Niro e o sedã Optima , e o 100% elétrico Soul EV, que chega a alcançar autonomia média de 199 quilômetros. O modelo tem uma porta deslizante na grade dianteira com duas tomadas padrões para recarga. Todos estão em fase final de homologação para comercialização no país.
Modelo que já entrou em pré-venda é o Soul EV, da fabricante chinesa JAC Motors. As primeiras unidades serão entregues aos clientes brasileiros ainda neste primeiro semestre. O mais barato entre os elétricos no país, está custando R$ 139.990, dez mil reais a mais que o previsto pela montadora no lançamento. As baterias garantem autonomia de 300 km, com recarga completa em tomada de 220V em 8 horas. Em recarga rápida é possível para recuperar 80% da energia em apenas 1 hora, com a aquisição de um acessório da marca.
A BMW, que tem fábricas em Santa Catarina e no Amazonas (motos), quer chegar em 2025 com 25 modelos eletrificados, sendo 12 totalmente elétricos. Até o ano passado o BMW i3 era o único carro 100% elétrico à venda no Brasil, mas ficou fora do mercado durante quase um ano. Ele voltou em junho de 2018, reestilizado e equipado com baterias com maior capacidade de armazenamento de energia, que garantem até 180 quilômetros de autonomia. Uma coisa não mudou. O preço nada acessível para a maior parte dos brasileiros, entre R$ 199.950 e R$ 239.950, já com a isenção do imposto de importação (IPI), aplicada desde 2015 aos automóveis elétricos e elétricos plug-in, que tem cabo para carregar as baterias com a corrente elétrica.
Pertencente ao grupo BMW, a fabricante britânica MINI iniciou os testes com modelos elétricos há mais de dez anos. O MINI E foi o primeiro carro totalmente elétrico do BMW Group a trafegar em condições normais das cidades. Os estudos com o esportivo ajudaram a desenvolver o BMW i3. Já o primeiro híbrido plug-in da marca produzido em escala industrial, o MINI Cooper S E Countryman ALL4, chegou ao mercado brasileiro no ano passado a R$ 199.990. A autonomia estimada é de 500 quilômetros – puramente elétrico por até 40 quilômetros de distância e alcançando velocidade de até 125 km/h. O modelo é produzido em Born, na Holanda. Ainda para este ano, a empresa promete um novo modelo inteiramente eletrificado para comercialização mundial.
A quinta geração de veículos totalmente elétricos da montadora deve ser lançada em 2020, com o BMW iX3. A tecnologia BMW eDrive combina um motor elétrico muito potente e uma bateria de alta voltagem, para autonomia de mais de 400 quilômetros e possibilidade de uso de estações de carregamento com capacidade de 150 kW. O BMW iX3 será o primeiro modelo produzido para o mercado global pela joint venture BMW Brilliance Automotive (BBA), na cidade de Shenyang, na China. Atualmente o carro passa por avaliações de desempenho no centro de testes do BMW Group em Arjeplog, na Suécia, junto com outros dois modelos: os BMW i4, previsto para 2021 com fábrica em Munique, na Alemanha; e o BMW iNEXT, com autonomia prevista acima de 600 quilômetros e sistemas de direção semiautônoma. O modelo já é considerado o carro-chefe das novas tecnologias do BMW Group e será produzido na fábrica da BMW em Dingolfing, na Alemanha, a partir de 2021.
*Todas as fotos foram fornecidas como divulgação pelas montadoras
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