Página inicialBlog Escolha VerdeCidades querem ser inteligentes, mas ainda patinam em serviços básicos

Cidades querem ser inteligentes, mas ainda patinam em serviços básicos

E estamos de novo falando de cidade alagada, de famílias que neste momento fazem contas de prejuízos com mais uma chuvarada na capital do Paraná. Em apenas três horas e meia desta quarta-feira (14), choveu em Curitiba quase a metade da média esperada para o mês de março inteiro, segundo o Sistema Meteorológico do Paraná – Simepar.

Alagamentos são frequentes em dias com chuva forte em diferentes bairros de Curitiba. Foto Sirlene Fátima Pereira da Silva/reprodução portal RIC Mais.

Em algum lugar da cidade alguém também está chorando a perda de um parente para a criminalidade. Em outro ponto talvez tenha alguém reclamando do trânsito que não anda. E dentro de um ônibus, um estudante revoltado porque não consegue acessar uma rede de internet. Estimativas dão conta que em 2050 teremos 66% da população mundial vivendo nas cidades. Mas, cidades só são boas para viver se forem boas para as pessoas, o ser humano.

A busca de “humanização” já domina o conceito das chamadas Cidades Inteligentes, que se caracterizam por um alto grau do uso de recursos de tecnologia para criar facilidades. O espaço urbano é o exercício da coletividade. De nada adianta investir em sensores e máquinas cada vez mais inteligentes se o resultado não for para oferecer mais qualidade de vida ao cidadão. No fim das contas, somos nós que pagamos pelos investimentos públicos ou para ter acesso a soluções privadas.

Quanto mais dados, melhores as soluções

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) esclarece que os pilares tecnológicos básicos de uma cidade inteligente envolvem a infraestrutura de conectividade, sensores e dispositivos conectados, centros integrados de operação e as interfaces de comunicação. Buscar o envolvimento de empreendedores locais é um dos passos de maior efetividade na busca por melhoria da vida urbana. O monitoramento é base. Identificar atividades de interesse – ou de problema, diagnosticar comportamentos, monitorar e disponibilizar os dados para que venham as soluções.

Com criatividade e muito suor temos visto cidades mudando a realidade ao redor do mundo. Medellín, na Colômbia, venceu a violência com inteligência. Para citar só um dado, em 1991 foram registrados na capital colombiana 6.400 homicídios. No ano passado o número caiu para 500. Houve uma combinação de esforços do setor público com a implantação de melhorias na infraestrutura urbana, criação de serviços para a população e interesse do setor privado. Investidores viram no crescimento humanizado da cidade a abertura de oportunidades financeiras.

Sabemos, mas não custa reforçar: desenvolvimento econômico anda de mãos dadas com a valorização e bem estar social e ambiental.

Tudo cabe numa cidade inteligente

A realidade urbana futura depende das decisões públicas e do nosso envolvimento hoje. As cidades estão em constante evolução – e isso pode ser para melhor ou pior. As tecnologias digitais de informação e comunicação transitam em todas as frentes, assim como as pessoas.  Questões como governança, administração pública, planejamento urbano, tecnologia, meio ambiente, conexões internacionais, coesão social, capital humano e economia precisam ser atendidas.

Gestores que conseguem integrar o maior número dessas áreas, com baixo custo e sustentabilidade no longo prazo estão pelo menos duas décadas a frente. Os exemplos estão aí. De Salvador vem a comunicação via rádio para monitoramento de luminárias públicas com sensores de presença humana para reduzir o gasto com energia elétrica. E que tal um sistema de rastreabilidade e telemetria que acompanha desde a origem do lixo até sua transformação em produto reciclado? Em Florianópolis, atenção aos pontos de ônibus verdes com telhados que geram energia e ajudam a baixar a temperatura ambiente.

Copel investe na modernização de suas redes de distribuição com a instalação de redes compactas.
Foto: Divulgação Copel

No Paraná as redes compactas da Copel reduzem o tempo de desligamentos e de manutenção da rede elétrica, evitando ainda as podas de árvores. Na mesma linha, vem o aplicativo Saúde Já, da prefeitura de Curitiba. Pelo celular o morador pode agendar consultas na rede pública de saúde sem enfrentar filas em hospitais e postos de saúde.

Ordenar o uso dos territórios é outro ponto. Por que ainda estamos ocupando espaços que rotineiramente são alagados? E como desviar a água ou possibilitar que seja absorvida pelo terreno mais rapidamente? O que pode ser colocado em prática hoje para que amanhã não tenhamos que fazer novas contas repetidas?

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