Pare tudo o que estiver fazendo e vai ali se derreter com um chocolate. Mas volta porque temos uma conversa bem séria… Desafio cumprido? Então, 07 de julho é o Dia Mundial do Chocolate e claro que eu aproveito esta sexta-feira para falar sobre uma nuvem que está ofuscando a nossa alegria. Em breve poderemos viver num mundo sem chocolate! Pode ser que seja também sem café, batata, azeite de oliva e até alguns peixes…
A culpa é das mudanças climáticas, que interferem na variação das temperaturas, volume de chuvas e na qualidade do solo, colocando em risco a produção tradicional de alimentos. Caso das lavouras de cacau, uma planta que se desenvolve em ambientes quentes e onde tem muita umidade, mas sofre com instabilidades, variações na exposição à luz solar e até com a velocidade do vento. Como a maior produção está em países africanos, como Gana e Costa do Marfim, onde as alterações climáticas podem se intensificar e gerar impactos mais rapidamente, o chocolate tende a ficar cada vez mais raro e caro!
Recado claro! Aproveite seu chocolate enquanto ainda podemos pagar por ele. Mas, o mais efetivo mesmo é adotar ações individuais de combate à crise climática. São coisas pequenas sim, como evitar aquele plástico de uso único, caso do saquinho de frutas e verduras no supermercado. E que coletivamente vão criando novos normais, mudando o comportamento das empresas – para que as ações maiores, sempre no nível das promessas de governos, realmente ocorram.
Por que 07 de julho é o Dia Mundial do Chocolate?
A data de 07 de julho remete à chegada do chocolate à Europa, mais precisamente no antigo Sacro Império Romano-Germânico (atual território composto por Bélgica, Croácia, Itália, Países Baixos, França e Polônia), ainda no Século XV, quando, até então, era conhecido apenas pelos Maias e Astecas. Visto como um símbolo de riqueza e poder da aristocracia no continente, o doce se tornou popular apenas 300 anos depois, durante a Revolução Industrial.
Consumo dobrado ou em equilíbrio?
Conforme o Painel de Uso de Alimentos e Bebidas (Usage Foods&Beverages Panel), pesquisa realizada pela Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab) e pela Kantar, no ano passado, o chocolate é uma grande aposta do mercado na hora do consumo, principalmente para os momentos de descontração e lazer da família. Nada mais justo. Tem sabor melhor para combinar com tantos outros ingredientes?
Algumas curiosidades
- Os astecas teriam sido os primeiros chocólatras da história ao consumirem uma infusão à base de sementes de cacau e água quente.
- Ilhéus, no litoral da Bahia, é conhecida como a terra do chocolate no Brasil
- O chocolate só começou a ser valorizado na Europa no século XVI, tornando-se popular e valioso na corte do Rei Carlos V, na Espanha.
- O chocolate tornou-se acessível à população no início do século XVIII, mesmo período que as primeiras sementes de cacau começaram a ser cultivadas na Bahia, vindas da França.
- Segundo a Abicab, atualmente, o Brasil é o quinto maior mercado para o chocolate no mundo
Roteiro para curtir o mês do chocolate sem culpa!
A “Costa do Cacau”, trecho litorâneo no sul da Bahia, há 450 km de Salvador, abrange oito municípios produtores, sendo Ilhéus o maior deles. Na cidade respira-se uma atmosfera de riqueza em meio a ruas e casarios deixados pelos “barões do cacau”, cultura retratada nos livros do escritor Jorge Amado. É possível passear por lugares icônicos, como o Bar Vesúvio, conhecer o dia-a-dia das fazendas, fazer degustações e comprar chocolate fabricado artesanalmente.
No extremo sul do país, vale conhecer o Parque Mundo de Chocolate, em Gramado, na Serra Gaúcha. Por lá, o consumo ganha o charme dos dias gelados e da arquitetura inspirada nos prédios europeus. São sete salas com 200 esculturas que reproduzem alguns dos mais conhecidos pontos turísticos internacionais. A réplica da Torre Eiffel tem 4,22 m de altura de “puro chocolate”! O ingresso custa a partir de R$ 42.
Quem está na região sudeste pode seguir para Vila Velha, a 10 km de Vitória, capital do Espírito Santo, e conhecer a história de uma das maiores fábricas de chocolate do mundo. A Garoto foi fundada em 1929 e atualmente tem mais de 70 itens no portfólio, de bombons a sorvetes. O complexo industrial desenvolveu espaços voltados especialmente para visitação, como o Museu do Chocolate. Mas, para fazer o “chocotur” o ideal é primeiro conhecer o roteiro virtual e depois agendar a visita conforme a disponibilidade de datas.
Tem mais! A Hurb, empresa de tecnologia e inovação que se consolidou como a maior plataforma de viagens online do Brasil, também elaborou um roteiro para os chocólatras de plantão. Além dos destinos já citados, os agentes incluíram mais três endereços no eixo Rio-São Paulo.
Na Serra Fluminense, em 1953, as imigrantes Anne Katz (alemã) e a amiga Ruth Bucki (austríaca) começaram a fabricação artesanal dos chocolates Katz, em Petrópolis, para reproduzir os sabores da terra natal. A tradição de chocolate nas formas de tablete e bombons, além de biscoitos amanteigados e até pé de moleque gourmet é mantida no espaço que funciona também como cafeteria.
Já quem passa por Campos do Jordão, no interior paulista, muitas vezes sai com algum chocolate da marca Liége na sacola. A marca é a preferida pelos turistas na cidade, conforme as avaliações do TripAdvisor. A produção é toda artesanal e sem adição de conservantes, com destaque para sabores que vão dos mais tradicionais até os incomuns – como baunilha com amarena ou vinho do porto e caramelo de maracujá. A decoração da loja lembra os filmes natalinos de Hollywood.
Também em São Paulo, na cidade de Itapevi, a mega loja da Cacau Show, com espaço para até mil visitantes, atrai turistas dispostos a acompanhar a fabricação do chocolate ao vivo, por uma vitrine. No local também tem parque de diversões, cafeteria, gelateria, e venda de souvenirs exclusivos.
Vai uma promoção de chocolate aí?
Então, que tal celebrar esse dia economizando? Na Croasonho, rede de franquias especializada em croissants recheados, hoje (07) a compra de dois sonhos de chocolate e uma Coca-Cola Original, rende ao cliente mais uma Coca-Cola Sem Açúcar. A rede possui mais de 70 lojas, em nove estados, além do Distrito Federal.
Já a Ferrero, indústria italiana especializada em mercearia fina e dona das gigantes Ferrero Rocher, Nutella, Kinder e Tic Tac, segue as tendências de mercado ao defender o consumo consciente de produtos de alta qualidade. Mais de 90% do portfólio da empresa é oferecido em pequenas porções ao consumidor. A empresa tem fábrica instalada em Poços de Caldas, sul de Minas Gerais, há 25 anos. O Brasil se tornou um dos 10 maiores mercados da companhia, que atualmente está presente em 170 países com 32 fábricas espalhadas pelo mundo. A multinacional se destaca em iniciativas de sustentabilidade e rastreabilidade de insumos e produtos.
Produção brasileira de chocolates em alta
Não é mero acaso a presença das grandes marcas internacionais no Brasil. O país se consolidou como um dos mais promissores para o setor de chocolates. Estudo encomendado pela Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab) à KPMG, a indústria de chocolate apresentou um crescimento 9,8% na produção do primeiro trimestre de 2023, quando comparado ao mesmo período do ano anterior. No total, foram 219 mil toneladas, ante 199 mil produzidas nos três primeiros meses de 2022.
Já no consolidado do ano de 2022, o crescimento foi de 8%, em comparação à produção registrada em 2021, com o volume produzido chegando a 760 mil toneladas. O bom resultado, de acordo com o estudo, deve-se às estratégias de lançamentos e inovações, sempre acompanhando as tendências de mercado.
Os fabricantes nacionais também se destacam no mercado internacional. As vendas para o comércio exterior somaram 17,5 mil toneladas, entre janeiro e junho, segundo dados da ComexStat. O setor gera cerca de 37 mil empregos diretos e exporta para mais de 167 países, com produção nos estados do Espírito Santo, São Paulo, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Norte, Paraná e Santa Catarina.
O Brasil também é um dos maiores produtores e exportadores de cacau, seja ele em pó, chocolate ou até mesmo a pasta de cacau. A Argentina é nosso principal comprador, adquirindo 39% das exportações brasileiras. Dentre os estados, a Bahia é responsável por 98% das exportações de cacau. No ano passado as exportações chegaram a US$ 228 milhões.
Segundo a Abicab, o que faz o país ser tão forte no mercado internacional é que temos as famosas “tree to bar”, que consiste na realização de todas as etapas em solo nacional, desde a plantação até a embalagem. Além disso, o clima do Brasil atrai muito o plantio do cacau. A utilização de ingredientes regionais e técnicas de produção inovadoras, com baixo impacto ambiental, resultam na qualidade diferenciada do produto brasileiro.
O que não tem ajudado muito é o preço, com aumento médio no preço do fruto de 21%. Para o consumidor final, conforme o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o preço dos chocolates teve a maior inflação em 6 anos.
Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, empresa especializada no comércio exterior, alerta que “o ano cacaueiro de 2022 e 2023, está tendo um déficit de oferta, isso vem ocorrendo devido a redução na produção do produto, as questões climáticas, doenças em plantações e pelo preço do diesel e da gasolina, só agravou mais a termos esses resultados.”